domingo, 17 de janeiro de 2010

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

porque a poesia purifica a alma...
e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!


Mário Quintana

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